segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Acidentes de trânsito

Li no UOL uma resenha a respeito dos acidentes de trânsito no Brasil. São 6,2 vidas ceifadas para cada 100 mil veículos da frota brasileira. É muito, conforme o próprio diretor do Denatran concorda, Alfredo Peres da Silva. Tantos acidentes custam à união R$28 bilhões anualmente.

Mas o pior da notícia é apresentar falsos fatos que poderiam reduzir os acidentes de trânsito nesta terra brasilis. O primeiro ponto errôneo é a famigerada "Lei Seca". Incrível como insistem em dizer que o maior triunfo da lei é não tolerar absolutamente nada de álcool no sangue de motoristas, quando o que reduziu de fato o número de acidentes foi a fiscalização maciça. E não são somente motoristas embriagados que causam acidentes graves, existe um sem número de sóbrios fazendo barbaridades por aí. A fiscalização tem que ser forte para tudo, não apenas para bebidas alcoólicas. Chega de fiscalização apenas eletrônica para quem anda acima da velocidade estipulada, avança sinal vermelho ou fura rodízio em São Paulo, capital.

Depois vem o tal do air bag frontal obrigatório. É ridículo apregoar segurança depois que o veículo já se acidentou, sem contar que o problema mesmo são os impactos laterais. A área de deformação lateral dos veículos é praticamente inexistente, aliado ao problema do cérebro ser muito intolerante a desacelerações bruscas no sentido lateral. Desacelerações frontais são muito melhor absorvidadas sem danos por aquele órgão. Além disso, melhor que preservar a vida em acidentes é criar formas de minimizar a possibilidade de um acidente ocorrer. Isso é feito com melhor formação de motoristas, por exemplo, exigindo investimento muito pequeno de todos, menor até do que o custo de um air bag frontal para automóveis.

Ainda defendo que o que precisa mudar mesmo é a mentalidade do brasileiro. São poucos os que dirigem pensando na coletividade e de forma defensiva, antevendo o que vai acontecer mais à frente. Regras simples de boa conduta ao volante melhorariam sobremaneira a vida de todos. Exemplo? Simplesmente dar passagem quando alguém precisa mudar de faixa em vias com trânsito pesado. Isso evita que a pessoa seja obrigada a literalmente forçar passagem ou então se arriscar e entrar num "buraco" mínimo que se forma em meio à multidão de veículos. Como benefício adicional, o ato de dirigir torna-se muito menos estressante e mais prazeroso.

Só que triste é saber que, se depender do que presenciei no sábado último, mudança de postura ao volante é uma verdadeira utopia aqui no Brasil...

Phantom Corsair 1938

Fotos: Internet, Conceptcarsz, Ultimatecarpage


Que os anos 30 foram pródigos em automóveis aerodinâmicos, seguindo a tendência de desenho de carrocerias streamline, alguns de vocês já devem saber. Porém, talvez o automóvel mais marcante dessa época seja o Phantom Corsair, tendo um único protótipo produzido em 1938, que pode ser visto nas fotos deste post. O desenho da carroceria era radicamente diverso de tudo o que já havia sido pensado até então, mesmo considerando-se os demias modelos que seguiram a escola streamline.


O carro foi desenhado em conjunto por Rust Heinz e Maurice Schwartz, com o objetivo de ser um automóvel bastante avançado, de forma a antecipar os veículos de tempos futuros. Portanto, o chassi escolhido foi o do Cord 810, então o projeto mais moderno dos EUA. A mecânica do Cord 810 consistia de um motor V8 de 190 hp, acoplado a uma transmissão de 4 velocidades operada eletricamente, com tração nas rodas dianteiras. As supsensões eram independentes nas 4 rodas, contando ainda com amortecedores de carga ajustável.


O cuidado aerodinâmico chegou a extremos, como por exemplo a placa de licença traseira coberta por material transparente ou a área envidraçada mínima. Os pára-choques eram compostos por várias lâminas sobrepostas e não havia maçanetas ou retrovisores externos. Nem mesmo a grade dianteira foi mantida, algo incomum mesmo nos dias atuais.


Aliada à boa potência do motor Cord V8, o desenho bastante aerodinâmico da carroceria permitia velocidade máxima da ordem de 185 km/h, respeitável ainda hoje, podendo-se imaginar o que tal valor representava no final dos anos 30. E o Phantom Corsair podia levar 6 passageiros adultos com todo o conforto de um automóvel de luxo.


Porém, o veículo não passou da fase de protótipo, devido ao falecimento de Rust Heinz pouco tempo depois do único Phantom Corsair ter sido fabricado. A idéia inicial era produzir uma série limitada, com preço de venda de US$12,5 mil. Atualmente, o carro pertence ao National Automobile Museum, em Reno, Nevada, nos EUA.


O carro apareceu no filme “The young at heart”, também de 1938. Nesse filme o carro é chamado de “Flying Wombat”, apresentado como o carro do futuro. Acredita-se que os vários veículos que podem ser vistos no salão de vendas daquele filme sejam modelos em cera, já que apenas um único automóvel foi produzido. No jogo para PC “Mafia” também há o Phantom Corsair disponível, como um táxi bastante rápido.


Este ano o Phantom Corsair poderá ser visto no 14th Annual Amelia Islands Concours d’Elegance, entre os dias 13 e 15 de março, em uma de suas raras exibições fora do museu.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Perda de tempo

Sábado à tarde, indo para Campinas, me deparei com uma das cenas mais deprimentes de toda a minha vida. Não pelo fato em si, mas sim pela reação das muitas pessoas ao redor. Peço desculpas pelo tom um tanto quanto agressivo do texto, mas trata-se de um desabafo a respeito da mesquinharia que reina nesta terra brasilis.

O ponto da questão foi um incêndio que ocorreu em uma Kombi, na alça de acesso à Rodovia Santos Dumont, em Salto, região na qual o trevo com a Rodovia "Castellinho" encontra-se em obras. Cheguei ao local segundos após o início do incêndio, pois o trânsito acabara de parar cerca de 100 metros à minha frente.

De início parecia que o problema era apenas com a embreagem de uma carreta para transporte de combustível, o primeiro veículo a parar atrás da Kombi, devido à fumaça que subia ao redor do caminhão. Mal sabia que aquela fumaça era o princípio do fogo, que terminaria por se transformar em incêndio cerca de 2 minutos após. A Kombi estava na alça de acesso à Santos Dumont, portanto fora de minha visão. Quando me dei conta que havia um veículo em chamas na pista já era tarde demais. Cheguei no local e o fogo já tomava conta de toda a parte traseira da Kombi. Pensei ainda em fazer algo, mas o pequeno extintor dos automóveis pequenos em minha mão não seviria para mais nada. Aliás, somente grande volume de água poderia apagar o fogo, pois segundos após eu chegar ao local, os bancos começaram a queimar furiosamente.

Foi aí que comecei a prestar atenção nas pessoas ao redor, que estavam mais próximas e viram, TODAS, quando o motorista desceu com o extintor na mão tentando apagar o princípio de incêndio. Me senti então em um circo de horrores, com as pessoas se divertindo com a desgraça alheia. Alguns tiravam fotos, outros filmavam o veículo em chamas, havia risadas de alegria, pude ouvir até um "olha só que 'animar' a kombosa pegando fogo"... Outros chegaram ao absurdo de reclamar, pois aquilo iria atrasar a viagem. Houve um idiota que pegou a via na contramão e por pouco não colide de frente com uma Picasso que vinha na mão correta. Devia haver mesmo muita pressa em um sábado de Carnaval para tal atitude absurda...

Claro que não é preciso dar uma de bom samaritano e sair ajudando a todos, ou mesmo se arriscar. Porém, um mínimo de respeito é necessário, ou melhor, essencial. Não se tratava de um veículo velho ou mal cuidado. Era um modelo mais recente, já com o teto alto. Pelo que sobrou após apagar o incêndio, era um veículo bem cuidado, com a chapa em perfeitas condições, sem sinais de corrosão. Mesmo que fosse um carro velho e caindo aos pedaços, não se justifica achar bonito um incêndio.

Disso tudo, tirei algumas conclusões. A primeira delas é que não adianta nada exigir um extintor de incêndio com pó químico especial, para fogo das classes A, B, C e D, como é feito para os carros novos. A carga de 1 kg é mínima e, para piorar, ninguém se preocupará em ajudar quem precisar usar o extintor. O proprietário que se vire, meu extintor é que não vai ser usado em carro alheio, essa foi a grande verdade do que observei. Disso sai a segunda conclusão, de que não adianta absolutamente nada exigir um curso de primeiros socorros e dar noções de como agir am situações de emergência. O egoísmo das pessoas impede que haja algum benefício útil desse curso exigido por ocasião da primeira habilitação ou renovação de uma CNH mais antiga.

Agora entendo perfeitamente porque o trânsito brasileiro é como é. Não existe um mínimo de civilidade ou companheirismo. Impera o "salve-se quem puder", "eu por mim e Deus por todos". Por isso é que morrem mais de 45 mil brasileiros a cada ano, vítimas diretas de acidentes de trânsito. Isso sem contar os mutilados, que permanecerão o resto de suas vidas com alguma limitação, seja física ou mental.

Também compreendo o porquê de um programa ridículo como o Big Brother ter tamanha audiência. E ainda querem dizer que o Brasil está indo rumo ao Primeiro Mundo. Ledo e revoltante engano...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Obrigatoriedade do air bag

Acabei de ler no Yahoo! que a Câmara aprovou a lei que obriga os automóveis novos no Brasil a saírem de fábrica com air bags frontais, para motorista e passageiro. O projeto segue agora para o Planalto, a fim de que o presidente da república sancione a lei.

Para novos lançamentos, a lei passa a valer a partir do primeiro ano de sua regulamentação pelo Contran. Para modelos já existentes, essa obrigatoriedade passará a valer somente após 5 anos de o Contran ter regulamentado a lei.

O air bag é um assunto bastante polêmico. Eu, particularmente, não tenho interesse em adquirir um veículo equipado com air bag, por tratar-se de um equipamento de segurança passiva, ou seja, atua somente após o acidente ter ocorrido. Portanto, até que o air bag se torne estritamente necessário, o motorista teve tempo para atuar e, no mínimo, reduzir as consequências do acidente. Isso considerando-se um motorista experiente, que conheça os próprios limites e o do carro. Porém, como defendo que todo motorista deveria se empenhar em dirigir da melhor maneira possível, a justificativa de que os "motoristas padrão" não sabem atuar em emergências, não cola.

Prefiro usar o valor do air bag para equipar o veículo com freios, pneus e suspensões de melhor qualidade, pois isso é segurança ativa, equipamentos que ajudam a evitar acidentes. Aliás, freios sem ABS ou qualquer outro auxílio eletrônico, pois não gosto que a máquina decida por mim como frear.

Para ler a notícia na íntegra, clique aqui.

Seguro para que?!

Recebi as fotos abaixo por e-mail. Fico imaginando o que esse pessoal não faria nesta terra brasilis...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Bel Air "Merlin V12" 1955

Não consegui muita informação deste insano Bel Air 1955, equipado com nada menos que um Rolls-Royce Merlin V12, o mesmo motor usado, entre outros, no avião de caça americano da Segunda Grande Guerra, P-51 Mustang. Trata-se de um V12 de 27-litros, com peso da ordem de 700 kg ou mais, dependendo da versão.

Para a instalação no Bel Air, o motor recebeu mudanças no sistema de alimentação, superalimentação e em toda a parte de baixo, para ficar ainda mais potente, com cerca de 3000 hp, pois os até 2030 hp originais não pareciam suficientes...

O carro levou mais de 10 anos para ficar pronto (somente o chassis levou 5 anos para ser fabricado e ajustado a contento), sendo construído por um preparador na Austrália, Rod Hadfield, finalizado em outubro de 2002. O valor total do empreendimento ultrapassou a cifra de US$1 milhão!

Toda a parte estética do carro, incluindo o interior, foi pensado de forma a reproduzir ao máximo o cockpit de um P-51 usado no 352nd Fighter Group durante a Segunda Guerra.

Para aqueles que gostam de torque abundante já nas baixas rotações, esse carro é o paraíso!!! Segue abaixo um link de vídeo com o bólido. O ronco dos motores Merlin V12 é fantástico!


Clique aqui para ver mais fotos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Top classics

Duesenberg J Rollston Convertible Berlini 1937, apenas 2 unidades produzidas
Foto: Rob Clements, site www.ultimatecarpage.com

Estava novamente lendo edições antigas do jornal O Radiador, do Veteran Car Club do Brasil, e encontrei, na edição número 2, a definição de automóveis clássicos. A definição é bastante severa, mas tomei a liberdade de compartilhar com vocês, já que a publicação original foi feita em 1977:

"Os automóveis hoje tidos como clássicos são os que, devido as suas características mecânicas e estéticas, mantem-se como padrões de elegância e distinção em qualquer época.

Na fabricação desses automóveis utilizavam-se materiais como prata, alumínio, bronze e, muitas vezes, até ouro; madeiras raras e selecionadas, couro curtido de modo a manter sua beleza, cor e cheiro característico por muitos anos; lã de carneiro de raças especiais, tintas aplicadas dezenas de vezes, para que jamais a carroçaria apresentasse defeito algum em sua superfície.

Pode-se definir um carro clássico de acordo com vários critérios, dos quais podemos apontar:

1 - Data de fabricação. São considerados clássicos os carros construídos desde a metade da década de 20 até a explosão da 2a. Grande Guerra (1939), com exceção do Lincoln Continental fabricado até 1948, do Bugatti modelo 101, de todos os Bentley e Rolls-Royce e de alguns Delage e Delahaye, construídos até 1950.

2 - Volume de produção. Todos os clássicos foram produzidos em quantidades limitadas.

3 - Cuidados na fabricação, inclusive na parte mecânicia.

4 - O custo de fabricação, já que ao fabricante interessava apenas o produto final minuciosamente construído, independente de seu custo.

5 - A clientela a que se destinavam. Essa selecionada clientela exigia não só beleza mas, principalmente, que o carro possuísse características únicas, capazes de diferenciá-lo de todos os outros automóveis.

6 - O valor dos automóveis. Veículos que hoje valem muitas vezes seu preço original e cujo valor continua subindo, independente do ano de fabricação.

Segundo pesquisa feita no livro 'Sports & Classic Car, by Griffith Borgeson & Eugene Jaderquist - New York', podemos apontar as principais marcas de automóveis clássicos:

Auburn, Alfa Romeo, Bentley, Bugatti, Cadillac, Chrysler, Cord, Cunningham, Daimler, Doble, Duesenberg, Franklin, Hispano-Suiza, Isotta Fraschini, Lincoln, La Salle, Marmon, Maybach-Zeppelin, Mercedes-Benz, Packard, Pierce-Arrow, Rolls-Royce, Stutz, SS Jaguar e Wills St. Claire."

Aos poucos, pretendo ir estudando a história desses grandes clássicos e, à medida que ir conseguindo material confiável, vou postando por aqui.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mercedes-Benz A320 Cabriolet 1948


A luxuosa série A320 (W142) havia sido introduzida pela Mercedes-Benz em 1936, portanto antes do início da Segunda Grande Guerra. Eram oferecidos diversos modelos na linha: saloon, tourer, roadster e cabriolets, sendo as versões saloon as mais vendidas.

O motor usado era um 6 cilindros em linha, com válvulas laterais e de 3208 cm³ de deslocamento. Posteriormente, o motor foi ampliado para 3405 cm³, a fim de compensar a baixa qualidade da gasolina. A potência do motor maior atingia modestos 78 cv. Porém, justamente por causa da Segunda Grande Guerra, a produção da Mercedes-Benz foi interrompida em 1942, devido ao maciço bombardeio da Alemanha pelas forças aliadas .

Com o final da guerra, os esforços da Mercedes-Benz concentraram-se inicialmente na produção do modelo 170, mais acessível e ainda do período anterior ao início da guerra. Enquanto isso, desenvolvia uma nova linha de modelos. Para o segmento de luxo, a proposta era desenvolver uma nova linha baseada na antiga série A320, sendo o modelo destas fotos o único protótipo produzido da nova série, construído em 1948. O desenvolvimento de um novo motor, com comando de válvulas no cabeçote, que daria origem à série 300 "Adenauer", tornou o protótipo cabriolet desnecessário, não sendo produzido em série.

Este A320 1948 foi então comprado por um empresário e colecionador holandês, que o levou para a Indonésia, onde lá permaneceu por quase 40 anos. No final dos anos 80, um entusiasta australiano redescobriu o carro e o levou para a Austrália. Após extensa análise do veículo, conduzida pelo então diretor do Museu da Daimler-Benz, Max-Gerrit von Pein, foi atestado que o modelo era realmente o único protótipo da série A320 do pós-guerra. Foi então executada uma restauração completa em Melbourne, posto que o carro estava bastante maltratado, inclusive repintado de vermelho (a cor original é a que se vê nas fotos que ilustram esta postagem), salvando assim o modelo Mercedes-Benz mais exclusivo de todos os tempos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Histórias das competições

Durante uma de minhas garimpagens na Internet, à procura de informações sobre as competições brasileiras dos anos 50/60, encontrei o site Bandeira Quadriculada. Os textos não são aquela maravilha (a pontuação poderia ser melhor distribuída...), mas o conteúdo em si é bem legal. Serve como ponto de partida, pois a partir de lá pode-se acessar diversos outros sites que tratam do mesmo assunto. Para quem gosta de saber um pouco mais a respeito dos nossos heróis, que começaram a competir literalmente na garra aqui no Brasil, vale a visita.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Pequenos notáveis

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro neste post que não estou fazendo propaganda de veículo algum. Estou simplesmente apresentando as impressões ao dirigir com o veículo que uso diariamente. Vamos então ao “causo”...


Sempre gostei de carros grandes e antigos, ainda mais se forem peruas como, por exemplo, Caravan e, dos mais recentes, Omega Suprema. Em parte esses carros me agradam (muito!!!) por terem também tração traseira, que dá mais prazer ao dirigir, principalmente de forma mais esportiva.


Em parte por esse meu gosto “Neanderthal” para automóveis é que me sentia um tanto quanto órfão de carros com os modelos oferecidos atualmente no Brasil. Não gosto muito de sedãs, portanto minhas opções resumiam-se a uns poucos hatches e quase nada de peruas. Modelos 1-litro também me causavam certa estranheza, por imaginar que o desempenho ainda era fraco, como os primeiros da classe surgidos nos anos 90. Mesmo o Corsa MPFI de 1996, com seus 60 cv, que dirigi bastante em meu emprego anterior, era insuficiente para meu gosto pessoal.


Porém, com o passar do tempo, o foco e nossas necessidades vão mudando, motivo pelo qual meu Caravan 1988 6 cilindros a álcool não era mais o carro ideal para uso diário (se é que algum dia foi...). A começar pelo apetite “sobrenatural” para álcool no trânsito urbano (vai pelo menos 1 litro a cada 4 km em trânsito pesado...), sem contar dificuldade para estacionar, mesmo em estacionamentos particulares. Ou seja, tornou-se definitivamente um carro para curtir os finais de semana e passeios puramente de lazer.


Aí é que começou o dilema... Minha namorada pretendia comprar um carro, mas o modelo deveria agradar a ambos, pois em breve pretendemos nos casar e o carro será de uso comum. A primeira opção foi o Corsa 1,4-litro, já que o Celta 1,4-litro deixou de ser oferecido. Mas o Corsa 1,4-litro não tem pronta entrega em todas concessionárias GM e o preço é um tanto salgado para um hatch pequeno com o mínimo de acessórios úteis (limpador e desembaçador traseiros, protetor de cárter etc.), bate fácil nos R$ 36 mil. Fiat Palio não agrada a ambos e o Ford Fiesta também tem preço elevado para a versão 1,6-litro com os mesmos acessórios. Esses tais de “compactos premium” trouxeram um preço também premium a reboque...


Foi quando apareceu o comercial do Ford Ka 1-litro a preço interessante no final do ano passado e, após o test drive em concessionária, o carro agradou e fechamos negócio, agregando alguns opcionais praticamente obrigatórios, como mencionados para o Corsa anteriormente. Mudança radical, de Corsa 1,4-litro para Ford Ka 1-litro, esquecendo que antes andava (somente) num Caravan 6 cilindros. Mas, após cerca de dois meses de boa convivência, confesso que o carro surpreendeu positivamente. É incrível o que a tecnologia proporcionou aos motores 1-litro.


O desempenho em nada lembra o Corsa MPFI que dirigia tempos atrás. Até os 80 km/h, fica difícil de acreditar que o motor lá na frente é de somente 1-litro, mesmo com mais pessoas e bagagem a bordo. E nem é preciso esticar as marchas em demasia para aproveitar melhor a potência em altas rotações, característica dos motores pequenos atuais. As insuportáveis lombadas e curvas de esquina são vencidas tranquilamente em terceira marcha. A posição de dirigir é das melhores, com altura adequada do banco ao solo e volante de boa pega, com aro grosso e diâmetro perfeito. A estabilidade é irrepreensível, tem-se a impressão que será possível contornar qualquer curva na velocidade que se desejar. O consumo de combustível é incrível, fazendo uma quilometragem média de 10 km/L abastecido somente com álcool, em circuito misto cidade-estrada. Só em estradas, a quilometragem deve beirar os 12 km/L.


Os senões ficam por conta do estepe preso embaixo do porta-malas, do lado de fora, sujeito a furto e, o pior, a muita sujeira. Já providenciei uma lona plástica a fim de usá-la como proteção caso tenha que retirar o estepe em dia de chuva (é preciso quase que deitar-se no chão para soltar a corrente de segurança e retirar o estepe). O revestimento anti-ruído também é escasso, mas ainda admissível para um carro de entrada e com peso reduzido (cerca de 950 kg). Outro problema, este mais grave, diz respeito aos cintos laterais traseiros de três pontos, não retráteis. Como a regulagem é feita na tira abdominal, pessoas magras não conseguem ajustar a folga adequadamente, não sendo o cinto de segurança efetivo para reter o corpo em colisões. A Ford tem que rever o projeto e corrigir esse problema.


No mais, é um carro muito bacana. O seguro é "menos caro" que os concorrentes, o espaço interno está na média do segmento e o desenho externo me agrada muito mais do que a versão anterior, radical demais para meu gosto pessoal.

Sargento paizão

Aconteceu em 1997. Naquela época, trabalhava durante o dia em Campinas e estudava engenharia à noite, em Itatiba. Por ser um curso noturno, tinha aulas aos sábados na parte da manhã. Aos sábados ia de carro para a faculdade, a fim de ganhar tempo e chegar mais cedo em casa.

Num desses sábados estava voltando para Campinas andando forte, ainda mais por ser meio cabeça de vento naquele tempo, agravado por estar ao volante de meu Passat LS 1981 com motor de Santana 2000 e ao som dos Guns n' Roses, da época antiga, quando ainda faziam um rock decente. Vinha pela rodovia D. Pedro I e, cerca de 5 km depois de passar pelo pedágio de Itatiba, vi a figura do policial lá na frente, andando calmamente para a pista da direita e sinalizando para eu parar. Fui parar o carro alguns metros à frente do policial, já ciente de que a multa seria inevitável.

O policial, na verdade um sargento de cerca de 50 anos, foi muito educado e pediu o documento do veículo e habilitação. Fez as verificações normais e pediu para que eu descesse do veículo, pois queria me mostrar algo. Levou-me até o aparelho de radar, onde estava piscando "140.0 km/h" (140 km/h cravados! - mas confesso que no velocímetro marcava uns 150 km/h, mas essa informação achei melhor não passar ao sargento...) Perguntou-me aonde eu ia com tanta pressa. Falei então que trabalhava de dia, estudava à noite, tinha aulas de sábado de manhã e planejava chegar logo em casa para almoçar com a família. Aquelas tradicionais desculpas no intuito de tentar sensibilizar os policiais.

Porém, o que eu não esperava era a resposta dada pelo sargento, com toda a tranqüilidade que seus longos anos de experiência permitiam: "Será que não é melhor chegar atrasado para o almoço, mas almoçar, do que correr o risco de ficar pelo caminho e não almoçar nunca mais?" Depois dessa, já comecei a me sentir cada vez menor... Foram cerca de 15 minutos de um sermão digno de pai para filho, falando do perigo de se andar rápido sem avaliar as conseqüências. Daquelas conversas que você não vê a hora de acabar, uma multa teria sido bem mais "barata"...

Mas aí é que está justamente o ponto da questão. Não fui multado, após ter garantido ao policial que terminaria a viagem em velocidade normal. Ao que ele consentiu, recomendando "juízo, pois desse jeito, um dia você ainda ficará pela estrada". Se eu tivesse sido simplesmente multado, com certeza teria ficado revoltado (embora sem razão para isso) e teria perdido uma de minhas maiores lições ao volante.

Mesmo hoje, passados quase 12 anos desse episódio, sempre que pretendo andar mais rápido lembro-me das sábias palavras daquele sargento. Sempre avalio com cuidado todo o cenário ao redor: condições da via, do veículo e, principalmente, MEU conhecimento da via (nada mais perigoso do que andar rápido por onde não temos intimidade).

Somente a velocidade em si não é a grande causadora de acidentes e mortes no trânsito brasileiro. O que mata é a imprudência, muitas vezes aliada à imperícia. Mas, até que se conheçam os limites de si mesmo, do veículo e se saiba identificar sem erros quando andar rápido não colocará em risco a integridade física de ninguém (a começar pela sua própria), a atitude mais segura é andar em velocidade moderada, porém compatível com a via e as condições de trânsito do momento, pois trafegar lentamente é tão ou mais perigoso do que andar rápido. Uma atitude errada ao volante cria situações de risco até mesmo trafegando a meros 60 km/h.

E hoje em dia o que falta é justamente a presença dos policiais, com o objetivo de não punir somente, mas passar um pouco da experiência adquirida ao longo dos anos de patrulhamento pelas estradas deste Brasil. A autuação por velocidade elevada nos dias atuais fica a cargo de máquinas eletrônicas, que simplemente fotografam o infrator e a multa é enviada ao proprietário dias depois. Simples assim.

Mais maduro atualmente, garanto que o sermão dado pelo sargento naquela tarde de sábado, em 1997, foi muito mais valioso do que uma simples multa por excesso de velocidade.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pierce-Arrow Silver Arrow 1933

Fotos: Supercarsnet.com


São poucos os automóveis produzidos até então que sejam tão exclusivos quanto os Pierce-Arrow Silver Arrow fabricados em 1933. Apenas 5 unidades desse magnifíco automóvel foram produzidos, sendo um dos primeiros automóveis "de rua" fabricados com carroceria voltada para redução de arrasto aerodinâmico, projetada através de exaustivos testes em túnel de vento.


Com carroceria totalmente fabricada em alumínio e equipados com potentes (para a época...) motores V12 de 175 cv, atingiam velocidades superiores a 160 km/h, valor bastante expressivo para os anos 30, ainda mais considerando-se o pesso do veículo (acima de 2500 kg). Como o V12 possuia ângulo elevado entre as duas bancadas de cilindros, o centro de gravidade era mais baixo do que o usual, permitindo melhor comportamento dinâmico do que os demais automóveis da época.


Quando de sua apresentação, na "Chicago World Fair" de 1933, o Silver Arrow foi considerado o automóvel do futuro pelo fabricante, Pierce-Arrow: "apresentamos em 1933 o carro de 1940". Embora a história tenha demonstrado que os automóveis dos anos 40 não tenham sido exatamente como os Silver Arrow, sem dúvida alguma o desenho do modelo era futurista e à frente de seu tempo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pioneiro no Brasil

Estava lendo a edição número 1 do jornal O Radiador, do Veteran Car Club do Brasil, quando encontrei um relato do primeiro "automóvel" a desembarcar no Brasil.

Em 1871, portanto antes de Amédée Bollée, na França, fabricar veículos automotores (este fabricaria seu primeiro veículo a vapor somente em 1873), desembarc
ava em terras brasileiras o primeiro automóvel, em Salvador, na Bahia. O veículo havia sido importado pelo Dr. Francisco Antonio Pereira Rocha.

Não era, porém, em nada parecido com os automóveis tal qual vemos hoje, ou mesmo do início do século passado. O "monstro" movido a vapor era mais parecido com os rolos compressores para pavimentação de vias públicas, pesado e barulhento. A direção era dada por uma quinta roda na frente do veículo, ao passo que o mesmo estava ligado a um carro para o transporte de passageiros.

Um fato curioso foi o Dr. Rocha ser desafiado por alguém desconhecido, duvidando que o pesado e desajeitado veículo pudesse subir ladeiras, sendo capaz de andar somente no plano. Claro que o proprietário saiu em defesa do veículo, sem sucesso. Ficou então fechada uma aposta entre o Dr. Rocha e o desconhecido: partindo da Praça do Mercado, o veículo subiria a ladeira da Conceição e chegaria à Praça do Palácio, tudo na cidade de Salvador. A notícia da aposta espalhou-se rapidamente, surgindo diversas apostas paralelas, onde uns acreditavam no potencial do "monstro", e outros defendiam que o peso elevado do veículo impediria que o mesmo chegasse ao topo da ladeira sem ajuda.

No dia combinado, o Dr. Rocha alinhou o veículo na Praça do Mercado, enquanto uma multidão de curiosos disputava lugar em torno da máquina. Lentamente, o veículo pôs-se em marcha rumo à ladeira, criando um grande suspense em todos os presentes. Ao atingir o início da ladeira, a impressão que se teve foi que o pesado automóvel sequer tomou conhecimento do aclive, movendo-se firme, mesmo que vagarosamente. Quando atingiu a Praça do Palácio, todos que estavam acompanhando a proeza aplaudiram fervorosamente! Durante muito tempo não se falava em outra coisa na região.

O primeiro automóvel brasileiro, porém, não viveu somente de glórias. Durante o retorno de uma excursão ao Rio Vermelho, nas margens do Dique, rompeu-se uma peça do veículo, obrigando seus passageiros a retornarem para a cidade num dos troles da companhia "Trilhos Centrais". Fato não confirmado diz que o veículo a vapor do Dr. Rocha foi enviado para o Rio Grande do Sul.

Verdade ou não o fato do veículo ter ido passear nos Pampas, o que se sabe é que as rodas cobertas de borracha do veículo a vapor impressionaram o baiano, fazendo até surgir uma quadrinha popular, presente no folclore baiano por muito tempo:

Havemos de ver dos dois
O que aperta ou afrouxa:
Do Lacerda o "parafuso"
Ou a borracha do Rocha

O "parafuso do Lacerda" referia-se ao elevador da época que ligava a Cidade Baixa à Cidade Alta. "A borracha do Rocha" era o pioneiro automóvel do Dr. Rocha, com suas rodas recobertas por aquele material.

Não restam dúvidas de que o primeiro automóvel a desembarcar no Brasil marcou época e causou grande comoção no povo baiano.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Dirigir com prazer

Outro dia estava pensando em nosso caótico trânsito, procurando motivos para tentar compreender o porquê de tamanha balbúrdia e violência sobre rodas.

Bem, numa primeira análise, motivos não faltam:
há pouco investimento em melhorias viárias mas, quando algo acontece, a (anti-)engenharia de tráfego faz sua parte e, em geral, põe tudo a perder; a formação de novos motoristas é pífia, ensina-se somente a passar no exame prático (e olha lá...); patrulhamento de trânsito praticamente se resumiu a radares fotográficos para autuar veículos acima da velocidade permitida (muitas vezes abaixo da ideal e cheia de armadilhas), avanço de sinal vermelho e veículos que furam o rodízio na cidade de São Paulo; e por aí vai...

Porém, acabei chegando à conclusão de que o maior problema são boa parte das pessoas verem os automóveis como somente um meio de transporte, feito para levar pessoas e suas eventuais bagagens do ponto A ao ponto B. Dessa forma, uma viagem resume-se somente ao destino. Todo o trajeto, mesmo que percorrido por paisagens maravilhosas, só serve para incomodar. Aí, no caminho de volta, todos dirigem feito doidos, para chegar o mais rápido possível em suas casas. Tudo o que foi relaxado na viagem, rola por morro abaixo! Para esses, recomendo viajar de avião, pois o tempo da viagem é muito menor. Se o dinheiro estiver curto, que vão de ônibus então, pois hoje em dia os modelos com ar condicionado são cada vez mais comuns e pode-se dormir tranquilamente em todo o trajeto.

Pelo mesmo motivo, nas cidades, a coisa fica ainda pior. Claro que trânsito lento incomoda qualquer um mas, uma vez que são inevitáveis (não vou aqui entrar no mérito de que algumas boas obras viárias melhorariam - e muito - a vida atrás do volante, isso fica para outro post...), o melhor a fazer é curtir o seu veículo e tornar a vida de todos a melhor possível. Nessas horas, camaradagem é importantíssima. Essa mania de não dar passagem para os outros é de uma mesquinharia deprimente. Há até quem diga que existem pessoas que vendem a alma ao diabo para ganhar alguns metros na vida...

Mas muitos devem estar pensando que prazer ao volante só é possível a bordo de modernos veículos, de classes superiores, praticamente inacessíveis à esmagadora maioria, que se vê "presa" a simplórios modelos 1-litro. Ledo engano... O verdadeiro autoentusiasta sente prazer na versatilidade que alguns modelos mais acessíveis apresentam. Exemplos são os Fiat Uno e Renault Logan, uns "caixotes" sobre rodas, mas com espaço interno acima da média para os respectivos segmentos. Nem só de design faz-se um bom carro.

Também o desempenho avassalador vem em segundo plano para quem sente paixão por automóveis.
Não é preciso voar baixo para se ter um bom veículo. O conjunto do carro como um todo é que agrada. Um chassi bem acertado, com suspensões que ficam no ponto exato entre conforto e desempenho, aliado a um escalonamento de marchas bem elaborado, torna o dirigir extremamente prazeroso. Pode-se sentir o carro e suas reações.

Eu amo de paixão o ato de dirigir. O simples trajeto diário que faço de casa para o trabalho é extremamente agradável! Aproveito cada mudança de marcha, cada virada de esquina, como se aquele dia fosse o primeiro em que estivesse dirigindo. Pode parecer loucura, mas em geral paro alguns instantes e fico observando o carro em detalhes, antes de entrar. Observo, por exemplo, a junção dos vidros dianteiro ao capô, a caída dos paralamas, ou qualquer outro detalhe que me salte aos olhos naquele momento. Isso me dá um prazer semelhante ao observar um bom prato de comida, daqueles que você gosta muito e sente água na boca só de lembrar!

Experimente ver os carros com outros olhos, ir além de um simples meio de locomoção. Cada modelo tem suas qualidades, o que vale é descobrir os pontos fortes de cada um. Saia do lugar comum, procure aprender um pouco mais sobre a arte de dirigir. Garanto, isso irá ajudá-lo bastante ao longo de sua vida ao volante, eventualmente permitindo sua sobrevivência em situações de risco, onde uma ação correta siginificará evitar o acidente. Saboreie o ato de dirigir e asseguro que a vida a bordo ficará muito mais prazerosa!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mensagem de abertura

Olá a todos!

Neste blog pretendo tratar de tudo aquilo que for relacionado ao maravilhoso mundo dos automóveis.
A idéia é fugir do lugar comum e criar um local para que todos aqueles que compartilham da mesma paixão por automóveis possam se informar e, ao mesmo, se divertir. Pretendo também não copiar outros tantos bons blogs que tratam dos mesmos assuntos.

Já vou avisando que não tenho praticamente nenhuma experiência com blogs e, portanto, de início as coisas não deverão ser muito bacanas visualmente. Também não disponho de muito tempo livre, assim as atualizações poderão não ser muito regulares. Críticas serão bem vindas.

Abraços a todos!