sexta-feira, 15 de março de 2013

O tal do 5R87E



Pois cá estou eu revivendo este blog praticamente natimorto, já que a última atualização foi em Fevereiro... de 2009! Muita coisa aconteceu nesse meio tempo, que colaborou para esse “longo inverno”. E para reacender o blog resolvi contar a epopéia que foi a aquisição de um legitimo Opala SS-4 1980, precisando urgentemente de cuidados de um autoentusiasta que, além de gostar muito de carros, tem o danado do bichinho da ferrugem no sangue e uma queda especial pela linha Opala/Caravan.

Estava eu tranqüilo e despreocupado dando uma zanzada pelo Facebook lá para meados de Outubro do ano passado quando, de repente, me salta aos olhos um anúncio do OLX, ofertando Opalas a partir de tantos reais. E a foto do thumbnail era justamente daquele que viria ser meu carro de diversão. Ignorei o anúncio por cerca de duas semanas, até que não foi possível mais resistir (e o anúncio não sumia jamais!) e acabei por acessar o dito cujo.

Eis que quando abre-se o anúncio o modelo era nada mais, nada menos que um Opala SS-4 1980, verde samambaia metálico, bastante marcado pela ação do tempo, porém aparentemente bom de estrutura. Dizia o anúncio tratar-se de um SS-4 legítimo para reformar, bom de mecânica, mas necessitando de reforma de funilaria completa e de interior. O carro estava em Londrina-PR, o que dificultava as coisas para melhor avaliação.

Mandei um e-mail através do próprio site, mas torcendo para não obter resposta, visto que a compra de um carro naquela altura (e na atual também...) estava longe de todos os planos possíveis e imagináveis de então, muito mais em se tratando de um carro para reformar. Mas para minha alegria (ou desespero...) eis que vem a resposta cerca de duas semanas depois, com número do chassi completo, placa, código Renavam e tudo! Até os telefones de contato o proprietário me enviou. Aí fu..., digo, lascou de vez... Entrei no site da Ciretran do Paraná e o carro era aquele mesmo, batia tudo, nada de débitos ou qualquer outro impedimento, a não ser o licenciamento, que vencera em Setembro, coisica à toa frente ao carro.

Tentei mais uma vez resistir à tentação braba, à ansiedade na flor da pele, aos pensamentos e mais pensamentos em como sair daquela sinuca de bico sem me estrepar (financeiramente), mas tudo em vão. Passadas mais umas duas semanas, acabei ligando para o proprietário. Ele confirmou todas as informações, não escondeu defeitos, dizendo que a estrutura e mecânica do carro estavam boas, mas iria precisar de reforma extensa de funilaria. A longarina dianteira direita estava trincada, mal comum aos Opala e Caravan, ainda mais após 32 anos de bons serviços e não necessariamente bons cuidados... O interior estava apresentável, nada que exigisse cuidados imediatos.

Conversei com minha mãe para me aconselhar, já que ela é uma pessoa que preza por ter os pés no chão, não se deixa levar pelas emoções e não mede puxões de orelha quando necessários. Por mais que eu goste de Opalas e a reforma de um (ainda mais sendo SS!) era sonho antigo, a razão falava mais alto que a emoção. Minha mãe me disse que se eu tinha condições de enfrentar a empreitada, que mandasse ver e fosse feliz. Falei com minha noiva e, como eu imaginava, ela não gostou muito. Na verdade, ficou doida (com razão), quase me joga pela janela (fechada...) do apartamento. O planejamento era, aliás, ainda é, fazermos a poupancinha para construir e sairmos do apartamento atual, visto que nenhum de nós dois nos acostumamos a morar num lugar sem quintal. Mas fui conversando com calma, argumentando que o projeto de reforma do Opala é longo, para anos à frente, e não seria o valor do carro que impediria a construção. No pior dos casos, emprestaria no banco o valor do carro para inteirar a construção se assim fosse preciso. Mas um SS-4 legítimo como aquele não poderia deixar escapar, já que me arrependo até o último fio de cabelo de não ter ficado com o último Opala SS-4 1976 que meu saudoso pai teve, mas isso é história para outro post.

Bem, resumindo a história, acabei combinando de ver o carro em meados de Dezembro, mais precisamente na semana imediatamente antes do Natal. Sim, pois já que era para fazer loucura, que fosse completa! Ao chegar em Londrina, vi o carro e confesso que era bem o que esperava. Precisa de cuidado extenso em funilaria, principalmente no painel traseiro, bastante corroído, praticamente sem possibilidade de recuperação decente. A surpresa ficou por conta de uma folga na caixa de direção e os freios bastante hesitantes. Segundo o antigo dono, o carro estava parado a meses e, ao religá-lo por ocasião da minha ida para fechar negócio, descobriu-se que o servofreio estava inoperante.

De fato o carro tinha sinais claros de parada longa, pois existia bolor no forro do teto e sinais de água nos mais recônditos locais que se possa imaginar... A única subjetividade ficou por conta da folga na caixa de direção, quando o certo seria dizer “férias” mesmo! Lembrei-me imediatamente dos Willys CJ-5 que dirigi bastante na época de serviço militar obrigatório. O freio era hesitante, mas parava, bastava não abusar. Tinha também uma folga medonha na alavanca de câmbio, que eu viria a descobrir futuramente ser fruto de pura gambiarra na montagem da alavanca (existem dois parafusos para prender a alavanca ao trambulador, mas havia um único parafuso... E ainda estava montada pelo lado esquerdo da haste do trambulador, quando o certo é à direita!).

Fechamos negócio, recibo assinado e com firma devidamente reconhecida no bolso, óleo novo, pneus meia vida “novos” na frente, uma boa dose de coragem (talvez o mais indicado seria dizer espírito de aventura ou falta de juízo mesmo!) e vim rodando com o bruto, de Londrina-PR até Sorocaba-SP, onde moro. Pouco mais de 500 km e quase 8 horas depois, cheguei são e salvo, sem um único incidente sequer.

Em breve, conto melhor e com mais detalhes como foi a viagem de resgate do SS-4.

Um comentário:

Bera Silva disse...

RoadRunner, mantenha-nos atualizados com o andamento do Opala. Boa sorte no projeto.
Um abraço.

Beep-Beep!!!