terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Pequenos notáveis

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro neste post que não estou fazendo propaganda de veículo algum. Estou simplesmente apresentando as impressões ao dirigir com o veículo que uso diariamente. Vamos então ao “causo”...


Sempre gostei de carros grandes e antigos, ainda mais se forem peruas como, por exemplo, Caravan e, dos mais recentes, Omega Suprema. Em parte esses carros me agradam (muito!!!) por terem também tração traseira, que dá mais prazer ao dirigir, principalmente de forma mais esportiva.


Em parte por esse meu gosto “Neanderthal” para automóveis é que me sentia um tanto quanto órfão de carros com os modelos oferecidos atualmente no Brasil. Não gosto muito de sedãs, portanto minhas opções resumiam-se a uns poucos hatches e quase nada de peruas. Modelos 1-litro também me causavam certa estranheza, por imaginar que o desempenho ainda era fraco, como os primeiros da classe surgidos nos anos 90. Mesmo o Corsa MPFI de 1996, com seus 60 cv, que dirigi bastante em meu emprego anterior, era insuficiente para meu gosto pessoal.


Porém, com o passar do tempo, o foco e nossas necessidades vão mudando, motivo pelo qual meu Caravan 1988 6 cilindros a álcool não era mais o carro ideal para uso diário (se é que algum dia foi...). A começar pelo apetite “sobrenatural” para álcool no trânsito urbano (vai pelo menos 1 litro a cada 4 km em trânsito pesado...), sem contar dificuldade para estacionar, mesmo em estacionamentos particulares. Ou seja, tornou-se definitivamente um carro para curtir os finais de semana e passeios puramente de lazer.


Aí é que começou o dilema... Minha namorada pretendia comprar um carro, mas o modelo deveria agradar a ambos, pois em breve pretendemos nos casar e o carro será de uso comum. A primeira opção foi o Corsa 1,4-litro, já que o Celta 1,4-litro deixou de ser oferecido. Mas o Corsa 1,4-litro não tem pronta entrega em todas concessionárias GM e o preço é um tanto salgado para um hatch pequeno com o mínimo de acessórios úteis (limpador e desembaçador traseiros, protetor de cárter etc.), bate fácil nos R$ 36 mil. Fiat Palio não agrada a ambos e o Ford Fiesta também tem preço elevado para a versão 1,6-litro com os mesmos acessórios. Esses tais de “compactos premium” trouxeram um preço também premium a reboque...


Foi quando apareceu o comercial do Ford Ka 1-litro a preço interessante no final do ano passado e, após o test drive em concessionária, o carro agradou e fechamos negócio, agregando alguns opcionais praticamente obrigatórios, como mencionados para o Corsa anteriormente. Mudança radical, de Corsa 1,4-litro para Ford Ka 1-litro, esquecendo que antes andava (somente) num Caravan 6 cilindros. Mas, após cerca de dois meses de boa convivência, confesso que o carro surpreendeu positivamente. É incrível o que a tecnologia proporcionou aos motores 1-litro.


O desempenho em nada lembra o Corsa MPFI que dirigia tempos atrás. Até os 80 km/h, fica difícil de acreditar que o motor lá na frente é de somente 1-litro, mesmo com mais pessoas e bagagem a bordo. E nem é preciso esticar as marchas em demasia para aproveitar melhor a potência em altas rotações, característica dos motores pequenos atuais. As insuportáveis lombadas e curvas de esquina são vencidas tranquilamente em terceira marcha. A posição de dirigir é das melhores, com altura adequada do banco ao solo e volante de boa pega, com aro grosso e diâmetro perfeito. A estabilidade é irrepreensível, tem-se a impressão que será possível contornar qualquer curva na velocidade que se desejar. O consumo de combustível é incrível, fazendo uma quilometragem média de 10 km/L abastecido somente com álcool, em circuito misto cidade-estrada. Só em estradas, a quilometragem deve beirar os 12 km/L.


Os senões ficam por conta do estepe preso embaixo do porta-malas, do lado de fora, sujeito a furto e, o pior, a muita sujeira. Já providenciei uma lona plástica a fim de usá-la como proteção caso tenha que retirar o estepe em dia de chuva (é preciso quase que deitar-se no chão para soltar a corrente de segurança e retirar o estepe). O revestimento anti-ruído também é escasso, mas ainda admissível para um carro de entrada e com peso reduzido (cerca de 950 kg). Outro problema, este mais grave, diz respeito aos cintos laterais traseiros de três pontos, não retráteis. Como a regulagem é feita na tira abdominal, pessoas magras não conseguem ajustar a folga adequadamente, não sendo o cinto de segurança efetivo para reter o corpo em colisões. A Ford tem que rever o projeto e corrigir esse problema.


No mais, é um carro muito bacana. O seguro é "menos caro" que os concorrentes, o espaço interno está na média do segmento e o desenho externo me agrada muito mais do que a versão anterior, radical demais para meu gosto pessoal.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse Ka está pesado demais pelo que oferece. Testei uma versão 1,6 com ar e direção (que acho que todo carro deve ter) e o desempenho já ficou igual o irmão maior, desisti. O Ka 1,6 de desempenho mais apimentado se foi. Carro leve hoje em dia ficou no passado, só restou o Clio hatch que chega a surpreender por sua massa, mas não tem 1,6, mas o 1 litro anda muito bem. Não dá pra entender como esse pessoal consegui fazer um carro mesmo pelado e de projeto não tão recente (ou com base num antigo), tão pesado.

Road Runner disse...

Jonas,

Não sei se o Ka que ando regularmente tem algo a mais, mas o fato é que consigo manter bom desempenho com o carro. É possível subir ladeiras bastante íngremes e manter terceira marcha, mantendo uns 50 km/h no velocímetro, mesmo com cerca de 250 kg de carga a bordo (quatro pessoas de porte médio).

Confesso que o desempenho me surpreendeu, pois no trânsito urbano a agilidade é incrível, superior até a meu Caravan 6 cilindros em algumas situações. E olha que o Caravan tem 30 mkgf de torque a míseros 2000 rpm...

Abraços,

RR

Anônimo disse...

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