Estava lendo a edição número 1 do jornal O Radiador, do Veteran Car Club do Brasil, quando encontrei um relato do primeiro "automóvel" a desembarcar no Brasil.
Em 1871, portanto antes de Amédée Bollée, na França, fabricar veículos automotores (este fabricaria seu primeiro veículo a vapor somente em 1873), desembarcava em terras brasileiras o primeiro automóvel, em Salvador, na Bahia. O veículo havia sido importado pelo Dr. Francisco Antonio Pereira Rocha.
Em 1871, portanto antes de Amédée Bollée, na França, fabricar veículos automotores (este fabricaria seu primeiro veículo a vapor somente em 1873), desembarcava em terras brasileiras o primeiro automóvel, em Salvador, na Bahia. O veículo havia sido importado pelo Dr. Francisco Antonio Pereira Rocha.
Não era, porém, em nada parecido com os automóveis tal qual vemos hoje, ou mesmo do início do século passado. O "monstro" movido a vapor era mais parecido com os rolos compressores para pavimentação de vias públicas, pesado e barulhento. A direção era dada por uma quinta roda na frente do veículo, ao passo que o mesmo estava ligado a um carro para o transporte de passageiros.
Um fato curioso foi o Dr. Rocha ser desafiado por alguém desconhecido, duvidando que o pesado e desajeitado veículo pudesse subir ladeiras, sendo capaz de andar somente no plano. Claro que o proprietário saiu em defesa do veículo, sem sucesso. Ficou então fechada uma aposta entre o Dr. Rocha e o desconhecido: partindo da Praça do Mercado, o veículo subiria a ladeira da Conceição e chegaria à Praça do Palácio, tudo na cidade de Salvador. A notícia da aposta espalhou-se rapidamente, surgindo diversas apostas paralelas, onde uns acreditavam no potencial do "monstro", e outros defendiam que o peso elevado do veículo impediria que o mesmo chegasse ao topo da ladeira sem ajuda.
No dia combinado, o Dr. Rocha alinhou o veículo na Praça do Mercado, enquanto uma multidão de curiosos disputava lugar em torno da máquina. Lentamente, o veículo pôs-se em marcha rumo à ladeira, criando um grande suspense em todos os presentes. Ao atingir o início da ladeira, a impressão que se teve foi que o pesado automóvel sequer tomou conhecimento do aclive, movendo-se firme, mesmo que vagarosamente. Quando atingiu a Praça do Palácio, todos que estavam acompanhando a proeza aplaudiram fervorosamente! Durante muito tempo não se falava em outra coisa na região.
O primeiro automóvel brasileiro, porém, não viveu somente de glórias. Durante o retorno de uma excursão ao Rio Vermelho, nas margens do Dique, rompeu-se uma peça do veículo, obrigando seus passageiros a retornarem para a cidade num dos troles da companhia "Trilhos Centrais". Fato não confirmado diz que o veículo a vapor do Dr. Rocha foi enviado para o Rio Grande do Sul.
Verdade ou não o fato do veículo ter ido passear nos Pampas, o que se sabe é que as rodas cobertas de borracha do veículo a vapor impressionaram o baiano, fazendo até surgir uma quadrinha popular, presente no folclore baiano por muito tempo:
O "parafuso do Lacerda" referia-se ao elevador da época que ligava a Cidade Baixa à Cidade Alta. "A borracha do Rocha" era o pioneiro automóvel do Dr. Rocha, com suas rodas recobertas por aquele material.
Não restam dúvidas de que o primeiro automóvel a desembarcar no Brasil marcou época e causou grande comoção no povo baiano.
Verdade ou não o fato do veículo ter ido passear nos Pampas, o que se sabe é que as rodas cobertas de borracha do veículo a vapor impressionaram o baiano, fazendo até surgir uma quadrinha popular, presente no folclore baiano por muito tempo:
Havemos de ver dos dois
O que aperta ou afrouxa:
Do Lacerda o "parafuso"
Ou a borracha do Rocha
O que aperta ou afrouxa:
Do Lacerda o "parafuso"
Ou a borracha do Rocha
O "parafuso do Lacerda" referia-se ao elevador da época que ligava a Cidade Baixa à Cidade Alta. "A borracha do Rocha" era o pioneiro automóvel do Dr. Rocha, com suas rodas recobertas por aquele material.
Não restam dúvidas de que o primeiro automóvel a desembarcar no Brasil marcou época e causou grande comoção no povo baiano.
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