terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sargento paizão

Aconteceu em 1997. Naquela época, trabalhava durante o dia em Campinas e estudava engenharia à noite, em Itatiba. Por ser um curso noturno, tinha aulas aos sábados na parte da manhã. Aos sábados ia de carro para a faculdade, a fim de ganhar tempo e chegar mais cedo em casa.

Num desses sábados estava voltando para Campinas andando forte, ainda mais por ser meio cabeça de vento naquele tempo, agravado por estar ao volante de meu Passat LS 1981 com motor de Santana 2000 e ao som dos Guns n' Roses, da época antiga, quando ainda faziam um rock decente. Vinha pela rodovia D. Pedro I e, cerca de 5 km depois de passar pelo pedágio de Itatiba, vi a figura do policial lá na frente, andando calmamente para a pista da direita e sinalizando para eu parar. Fui parar o carro alguns metros à frente do policial, já ciente de que a multa seria inevitável.

O policial, na verdade um sargento de cerca de 50 anos, foi muito educado e pediu o documento do veículo e habilitação. Fez as verificações normais e pediu para que eu descesse do veículo, pois queria me mostrar algo. Levou-me até o aparelho de radar, onde estava piscando "140.0 km/h" (140 km/h cravados! - mas confesso que no velocímetro marcava uns 150 km/h, mas essa informação achei melhor não passar ao sargento...) Perguntou-me aonde eu ia com tanta pressa. Falei então que trabalhava de dia, estudava à noite, tinha aulas de sábado de manhã e planejava chegar logo em casa para almoçar com a família. Aquelas tradicionais desculpas no intuito de tentar sensibilizar os policiais.

Porém, o que eu não esperava era a resposta dada pelo sargento, com toda a tranqüilidade que seus longos anos de experiência permitiam: "Será que não é melhor chegar atrasado para o almoço, mas almoçar, do que correr o risco de ficar pelo caminho e não almoçar nunca mais?" Depois dessa, já comecei a me sentir cada vez menor... Foram cerca de 15 minutos de um sermão digno de pai para filho, falando do perigo de se andar rápido sem avaliar as conseqüências. Daquelas conversas que você não vê a hora de acabar, uma multa teria sido bem mais "barata"...

Mas aí é que está justamente o ponto da questão. Não fui multado, após ter garantido ao policial que terminaria a viagem em velocidade normal. Ao que ele consentiu, recomendando "juízo, pois desse jeito, um dia você ainda ficará pela estrada". Se eu tivesse sido simplesmente multado, com certeza teria ficado revoltado (embora sem razão para isso) e teria perdido uma de minhas maiores lições ao volante.

Mesmo hoje, passados quase 12 anos desse episódio, sempre que pretendo andar mais rápido lembro-me das sábias palavras daquele sargento. Sempre avalio com cuidado todo o cenário ao redor: condições da via, do veículo e, principalmente, MEU conhecimento da via (nada mais perigoso do que andar rápido por onde não temos intimidade).

Somente a velocidade em si não é a grande causadora de acidentes e mortes no trânsito brasileiro. O que mata é a imprudência, muitas vezes aliada à imperícia. Mas, até que se conheçam os limites de si mesmo, do veículo e se saiba identificar sem erros quando andar rápido não colocará em risco a integridade física de ninguém (a começar pela sua própria), a atitude mais segura é andar em velocidade moderada, porém compatível com a via e as condições de trânsito do momento, pois trafegar lentamente é tão ou mais perigoso do que andar rápido. Uma atitude errada ao volante cria situações de risco até mesmo trafegando a meros 60 km/h.

E hoje em dia o que falta é justamente a presença dos policiais, com o objetivo de não punir somente, mas passar um pouco da experiência adquirida ao longo dos anos de patrulhamento pelas estradas deste Brasil. A autuação por velocidade elevada nos dias atuais fica a cargo de máquinas eletrônicas, que simplemente fotografam o infrator e a multa é enviada ao proprietário dias depois. Simples assim.

Mais maduro atualmente, garanto que o sermão dado pelo sargento naquela tarde de sábado, em 1997, foi muito mais valioso do que uma simples multa por excesso de velocidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

O problema da velocidade é a sua relatividade, como andar a 70 km/h numa via local já risco para si os pedestres. Sempre como ando na Carvalho Pinto ou na Catelo com meus familiares, costumo cruzar quase toda em velocidade superior à permitida e ninguém nem percebe dada a suavidade da condução. Certa vez levando um pessoal para Campos do Jordão cruzei toda entre 170 e 185 km/h, dado a baixa de movimento, inclusive ultrapassei uma viatura da polícia rodoviária, que mesmo andando rápido como eu também estava na faixa da direita (que exemplo, para os "alugadores de faixa esquerda").

Qual a moral disso tudo? É que poderiamos estar desfrutando ainda mais das nossas boas auto-estradas, em muitos casos até excluindo o avião dos percursos. Mas isso ainda vai demorar por aqui, mas lá fora (europa, mais na Itália, França, Portugal, Alemanha) a polícia já faz vista grossa com quem trafega acima do limite, desde que a situação permita

Road Runner disse...

Jonas,

Esse é o maior problema da velocidade: as pessoas não conhecerem os próprios limites e o do carro, bem como não avaliarem corretamente quando correr.

Muito bem observado o que você comentou, andar rápido em vias locais. Não existe risco maior para todos.

Abraços,

RR

octavialaboda disse...

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